Além
do descanso, audição não deve ficar exposta por longos períodos a ruídos
intensos.
O
som produzido pelo trânsito, pelas construções e até mesmo pelos objetos usados
no cotidiano, como o computador, é corriqueiro e nem todos se dão conta sobre
os perigos que rondam a audição. De acordo com a otorrinolaringologista e otoneurologista
Rita de Cássia Cassou Guimarães, cada ruído possui uma intensidade diferente,
medida pela unidade decibel (dB). “O ouvido humano é extremamente sensível e
exposições prolongadas a sons de alta intensidade podem provocar sintomas como perda
de audição temporária ou irreversível, zumbido e sensibilidade”, observa.
Na
escala da unidade de medida dos sons, o menor ruído que um ser humano pode
ouvir é o de 0 dB, praticamente silêncio total. A escala logarítmica dos
decibéis é feita assim: um som 10 vezes mais potente do que o silêncio tem 10
dB, um ruído cem vezes mais forte possui 20 dB, um barulho mil vezes mais
intenso é classificado no nível de 30 dB e assim por diante. “Os índices de
decibéis são importantes para verificar o tempo máximo de exposição em um
ambiente barulhento para evitar danos à audição”, explica a médica, mestre em
clínica cirúrgica pela UFPR.
Rita
dá alguns exemplos na escala de decibéis:
-
0 dB: perto do silêncio total;
-
15 dB: um sussurro;
-
60 dB: uma conversa normal entre duas pessoas;
-
90 dB: som de uma máquina de cortar grama ou aspirador de pó;
-
100 dB: turbina de um avião;
-
120 dB: motor a jato, trios elétricos;
-
140 dB: tiro ou rojão.
A
médica alerta que os sons acima de 85 dB podem causar perda de audição
dependendo da potência do som e do período de exposição. A Organização Mundial
da Saúde recomenda que neste nível a exposição máxima deve ser de no máximo
oito horas para não prejudicar a saúde auditiva. “No ambiente de trabalho a
situação é mais complexa, pois os trabalhadores são expostos a ruídos intensos
durante a longa jornada. Por isso é fundamental que o empregador disponibilize equipamentos
de proteção individual e que os empregados usem os recursos da maneira adequada”,
afirma.
Nível de pressão
sonora (dB) x Tempo de exposição
85 –
8 horas
90 –
4 horas
95 –
2 horas
100 –
1 hora
105 –
meia hora
110 –
quinze minutos
A
exposição de apenas alguns segundos a um som de 140 dB pode causar danos
irreversíveis e sensação dolorosa, além da destruição das células auditivas. Rita
lembra que não é possível reverter às lesões que comprometem as estruturas do
ouvido interno. “O envelhecimento já é um fator natural que reduz o limiar auditivo
progressivamente, pois as células do ouvido envelhecem, morrem e não há
reposição. A poluição sonora é mais um agente que aumenta os riscos da perda
auditiva”, ressalta Rita, coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com
Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba).
Depois
de oito horas exposto a um ruído de 85 dB, o ideal é que haja um descanso
auditivo de no mínimo 14 horas para que os ouvidos possam se recuperar. Outra
dica é evitar o uso de fones de ouvido, não introduzir objetos ou hastes de
algodão dentro do canal auditivo e não usar remédios sem prescrição médica. “O
exame audiométrico e outras avaliações complementares ajudam a diagnosticar
possíveis lesões e problemas auditivos, possibilitando o tratamento precoce”,
acrescenta a especialista, responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade
Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Paraná (UFPR).
Dra. Rita de Cássia
Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista,
otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
Email: ritaguimaraescwb@gmail. com
Endereço: Rua João
Manoel, 304 Térreo, Bairro São Francisco, Curitiba PR.