Respirar é fundamental para a sobrevivência – e isso todo mundo já está cansado de saber. Mas faz alguma diferença para o organismo se a respiração é feita pela boca ou pelo nariz? Segundo o ortodontista e ortopedista facial, Gerson Köhler, integrante da equipe interdisciplinar da Köhler Ortofacial, respirar pela boca é prejudicial à saúde. “Respirar bem, sempre pelo nariz, é fundamental para uma boa saúde. O oxigênio precisa passar pelo nariz, que filtra, aquece, umidifica e pressuriza o ar inspirado, deixando-o na forma adequada para ser recebido pelos pulmões”, explica.
As causas da respiração bucal são variadas e podem envolver alterações no nariz, na faringe e na chamada região dentofacial - que engloba as arcadas dentárias e a posição de todos os dentes. Gerson ressalta que a boca pode ser considerada o andar inferior abaixo do nariz na arquitetura do rosto e tudo o que acontece de forma inadequada no nariz acaba refletindo na sua estrutura. “A respiração bucal é considerada uma síndrome e não uma doença e possui sinais e sintomas característicos”, destaca o profissional, que é professor convidado desde 1988 do curso de pós-graduação em Ortodontia e Ortopedia Facial da UFPR.
Juarez Köhler, outro especialista em ortodontia e ortopedia facial da Köhler Ortofacial, aponta que são inúmeras as consequências da respiração incorreta para o organismo. Alterações ortodônticas e ortopédicas da face, problemas relacionados ao sono, halitose, danos a memória e a concentração, aumento da pressão arterial , dor torácica, doenças cardiovasculares, redução do hormônio do crescimento – inclusive nas pessoas adultas - , resistência à insulina, patologias do labirinto, cefaléias, zumbidos, diminuição da libido, sobrepeso e obesidade constam na lista das consequências.
Outra má notícia é que a respiração incorreta pode acontecer em qualquer idade – desde crianças, adolescentes, adultos e até idosos, prejudicando o desenvolvimento e a qualidade de vida destes indivíduos. “Normalmente a respiração bucal tem início na infância, quando a criança sofre com amígdalas palatinas, adenóide e rinite. As obstruções nasais também ocorrem em adultos, como, por exemplo, o desvio de septo nasal ou de cornetos. Por causa da resistência nasal à passagem do ar, o indivíduo se vê obrigada a respirar pela boca”, acrescenta Juarez.
Quando o ar passa exclusivamente pela boca, ela e a faringe acabam ficando ressecadas. Estes fatores geralmente estão associados a problemas bucais como inflamações na gengiva, periodontite, aumento do número de cáries, faringite e tosse crônica devido à garganta seca. Gerson aponta ainda que o quadro de respiração bucal sempre causa alterações dentofaciais, que promovem complicações nocivas para a saúde do organismo e suas estruturas e para a beleza e a harmonia facial. “É preciso ter muita atenção para a forma como a respiração acontece”, alerta.
Para resolver o problema, quem não respira corretamente deve procurar duas especialidades que atuam em conjunto nas questões que envolvem o nariz e a boca: a otorrinolaringologia e a ortodontia. Juarez evidencia que a interdisciplinaridade existente entre estas áreas da medicina e da odontologia, respectivamente, é imprescindível para o diagnóstico e tratamento da respiração bucal. “Muitas vezes é necessário complementar a avaliação com outras especialidades, como a fonoaudiologia e a alergologia, ramo da medicina que atua especificamente com alergias”, elucida.
Gerson aconselha, principalmente aos pais, a não ignorar a respiração bucal, pois ela está ligada a inúmeras doenças e alterações do crescimento e desenvolvimento craniofacial. “Atualmente existem muitos exames que ajudam no diagnóstico do problema, como os exames por imagem, ressonância nuclear magnética, imagens radiográficas craniofaciais e a cefalometria. Quanto mais precoce for o tratamento, melhores serão os resultados e menores serão as consequências para o organismo e a saúde como um todo e o rosto em especial. Respire corretamente e viva com qualidade”, finaliza.