Ruído
pode comprometer vida pessoal e profissional e está relacionado a mais de 200
causas diferentes.
Quando uma pessoa
está doente, fica ansiosa para detalhar todos os seus sintomas ao médico, que
utiliza várias ferramentas para avaliar a saúde do paciente. Se o sintoma não
pode ser detectado pelo profissional e sua existência só é percebida pelo indivíduo,
aumenta a sensação de impotência diante do problema. “O zumbido é um exemplo.
Ele é um ruído que pode surgir na cabeça ou nos ouvidos sem a presença de uma
fonte externa. Somente o paciente ouve o barulho”, explica a
otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães.
Para entender o
zumbido é necessário compreender como funciona o sistema auditivo. De maneira
resumida, Rita esclarece que os estímulos captados pelo ouvido são enviados
para o cérebro, que interpreta os sons do ambiente, os barulhos do cotidiano e
a fala. “Se houver algum distúrbio nas funções auditivas, há grandes chances do
indivíduo ouvir sons produzidos dentro do corpo. Este conflito de informações
provoca o zumbido, que não é uma doença, mas um sintoma de que alguma coisa está
errada”, observa a médica, especialista em otoneurologia.
O zumbido afeta 17%
da população mundial, especialmente os idosos, e mais de 200 fatores são
associados ao seu aparecimento. Alterações metabólicas, problemas
cardiovasculares, excesso de contração muscular, questões odontológicas,
medicamentos, estilo de vida inadequado e doenças do ouvido são algumas das
causas, sendo que a perda de audição é a mais frequente. “Nove em cada 10
pacientes tem perda auditiva. O zumbido não causa surdez, mas o contrário é
verdadeiro, ou seja, a surdez provoca zumbido”, destaca Rita, coordenadora
do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de
Curitiba (GIPZ Curitiba).
As
repercussões na vida do paciente vão desde dificuldades de concentração,
problemas no sono, alterações na vida social e profissional até estados de
ansiedade e depressão. Estas consequências dependem do grau de incômodo que o
ruído provoca. “A percepção do zumbido está ligada ao sistema límbico, responsável
pelas emoções. Quando sensações e emoções negativas estão ligadas ao sintoma, o
cérebro dá mais atenção ao zumbido, prejudicando a qualidade de vida do
paciente, com reflexos sobre a saúde geral do organismo”, enfatiza.
Em 80%
dos casos, o ruído, também denominado tinnitus ou tinido, é bloqueado pelo
cérebro e o indivíduo não sente incômodo. Em 15% dos pacientes o zumbido é
percebido pelo sistema límbico e pelo cérebro, causando desconforto. “O zumbido
incapacitante é aquele percebido pelos sistemas límbico e nervoso autônomo e
pelo cérebro, comprometendo as atividades cotidianas de 5% dos pacientes. Os
principais objetivos do tratamento são bloquear a percepção consciente do ruído
e trazer qualidade de vida ao paciente”, esclarece.
O
tratamento do zumbido varia conforme a causa e mais de um fator pode ser
responsável pelo sintoma no mesmo paciente, por isso a intervenção deve ser
interdisciplinar. Fisioterapia, Odontologia, Psicologia e Fonoaudiologia são
algumas das áreas que atuam em conjunto com a Otorrinolaringologia para tratar
pacientes que sofrem com o ruído. “É feita uma investigação cautelosa e
profunda para diagnosticar corretamente as causas do zumbido. Após a identificação
desses fatores, o tratamento mais adequado é prescrito, como o uso de aparelhos
auditivos, terapia sonora e outras estratégias”, acrescenta.
Centro de Zumbido Curitiba
completa 11 anos
Criado
pela especialista Rita de Cássia em 2001, o Centro de Zumbido Curitiba atende pacientes
com zumbido conforme o protocolo de avaliação médica e fonoaudiológica do neurocientista
polonês Pawel Jastreboff, profissional de destaque nesta área. A médica se
especializou em zumbido com o curso de formação em Tinnitus Retrainning
Therapy, na Emory University, nos Estados Unidos e também fez cursos com a
professora e doutora Tanit Ganz Sanchez. “O centro oferece avaliação e
tratamento especializado para pessoas com zumbido, surdez e desequilíbrio
corporal”, conta.
O centro
ainda avalia o zumbido em pacientes candidatos ao implante coclear, implante de
tronco cerebral ou implante auditivo ancorado no osso (BAHA). O lugar se tornou
referência para o tratamento do ruído e com base no protocolo de atendimento
usado no centro, foi criado o Ambulatório de Zumbido do Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do Paraná (UFPR), coordenado por Rita. “Estou sempre
participando de palestras, congressos e eventos da área para me manter
atualizada e proporcionar aos pacientes resultados cada vez melhores e com estratégias
menos invasivas”, finaliza.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
Email: ritaguimaraescwb@gmail.com
Telefone: 41-3225-1665
Endereço: Rua João Manoel, 304 Térreo, Bairro São Francisco, Curitiba PR.