Teste da Orelhinha é obrigatório e gratuito


Exame é indolor e identifica alterações na audição dos recém-nascidos.

O dia 2 de agosto de 2010 é um marco para os bebês que nascem com algum problema auditivo. Esta é a data na qual Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil na época, sancionou a Lei nº 12.303, que tornou obrigatória e gratuita a realização do Teste da Orelhinha, tecnicamente chamado de Exame de Emissões Otoacústicas Evocadas. “Foi um passo muito importante para todos os brasileiros, pois este teste é fundamental para prevenir doenças e problemas auditivos”, destaca a otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães.
Estimativas apontam que a cada mil recém-nascidos, três são diagnosticados com surdez. Quando o bebê tem algum fator de risco para deficiência auditiva, o número de casos sobe para seis a cada mil nascimentos. “O uso de remédios tóxicos para os ouvidos, alterações craniofaciais, como a má formação do pavilhão auricular, internação na UTI por um período superior a 48 horas, infecções congênitas e pessoas com problemas auditivos na família são os principais fatores que aumentam as chances da criança apresentar alguma alteração na audição”, observa a médica.
Segundo Rita, o Teste da Orelhinha é extremamente importante, pois é capaz de identificar problemas auditivos precocemente, evitando que a situação se agrave por ausência do tratamento correto. A descoberta tardia das alterações na audição pode causar prejuízos ao desenvolvimento da fala, linguagem, cognição e também afeta as relações sociais da criança. “Muitas enfermidades podem ser detectadas logo após o nascimento. Quando não há este tipo de acompanhamento, a criança fica três, quatro anos sem o diagnóstico”, ressalta.
A especialista enfatiza que, sem tratamento, a criança com dificuldade auditiva acaba perdendo estímulos importantes para o seu desenvolvimento, a sua comunicação e socialização. “Os sons são essenciais na formação do indivíduo. A intervenção precoce possibilita que o bebê desenvolva uma linguagem próxima a de outro que possui a audição saudável. Os resultados do Teste da Orelhinha podem ser confirmados por avaliações audiológicas complementares”, enfatiza Rita, mestre em clínica cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Teste da Orelhinha é indolor
As mamães e os papais não precisam se preocupar ao levarem seu filho para fazer o Teste da Orelhinha. Além de rápida, a avaliação não provoca dor e não tem contra-indicações. Não é necessário anestesia, injeção ou recolhimento de sangue do bebê. “O ideal é que a criança esteja dormindo. Como o teste deve ser feito entre o segundo e o terceiro dia de vida, é fácil conciliar o sono do bebê com o exame, já que os recém-nascidos passam a maior parte do tempo dormindo. O profissional coloca um fone de orelha na criança e são emitidos sons pelo computador, que recolhe as respostas produzidas pela cóclea”, explica.
Se os resultados apresentarem algum tipo de alteração, a criança deverá ser submetida a outros exames, capazes de mostrar se há lesões nas vias auditivas e em qual local e qual a intensidade da perda. Em caso de suspeita de surdez genética, o bebê deve passar pelo Teste de Surdez Genética, um exame laboratorial feito com algumas gotas de sangue do calcanhar. “Esta avaliação serve para definir corretamente o diagnóstico e determinar as estratégias do acompanhamento profissional”, declara Rita, coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba).
Até os seis meses de idade, há muitas chances para recuperar a audição do bebê com êxito em praticamente 100% dos casos. Por isso é importante realizar todos os exames preventivos nesta fase, conforme a indicação do médico. “As mães devem exigir a realização do Teste da Orelhinha na maternidade, pois é um direito assegurado pela legislação. E os pais devem ficar atentos as reações auditivas do bebê, que reage a sons fortes e vozes com movimentos, piscadas ou atenção e a partir do quarto mês passa a procurar a fonte sonora”, acrescenta.

Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009) 
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR 
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