Tabagismo compromete resultados da cirurgia plástica


Especialista explica que o vício dificulta cicatrização da pele e ainda pode por em risco a vida do paciente.

Pelo menos um bilhão de pessoas vão morrer devido ao consumo e a exposição ao tabaco caso o cenário atual do tabagismo não mude. A previsão é da Fundação Mundial do Pulmão (FMP) e da Sociedade Americana do Câncer e serve como alerta no Dia de Combate ao Fumo (29 de agosto). Enfermidades bucais, respiratórias e cardiovasculares e câncer em diferentes áreas do corpo são apenas alguns dos malefícios causados pelo fumo. "O cigarro possui cerca de cinco mil substâncias nocivas a saúde, como a nicotina, formol e metais pesados", comenta o cirurgião plástico AldersonLuiz Pacheco.

Pacheco explica que estes componentes químicos provocam alterações no organismo e podem comprometer as intervenções cirúrgicas. No âmbito da cirurgia plástica, os principais problemas são dificuldade de cicatrização da pele, necrose de tecidos devido à má circulação sanguínea, cicatrizes escuras e lesões nos vasos sanguíneos. "Os pacientes fumantes são orientados a largar o vício pelo menos um mês antes da operação. Mesmo depois da cirurgia, não é seguro voltar a fumar, já que há o risco de complicações no período pós-operatório", esclarece.

Antes de qualquer procedimento, quem fuma deve assinar um termo de responsabilidade. No documento, o paciente afirma estar ciente dos riscos da cirurgia se não deixar o cigarro, ter recebido as orientações necessárias e cumprir a risca as recomendações do médico. "Se, por qualquer motivo, o indivíduo não concordar em parar de fumar ou não conseguir abandonar o vício para realizar a intervenção, a cirurgia deverá ser suspensa para garantir a sua segurança", observa o especialista, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

Os malefícios do tabaco na cirurgia plástica afetam os fumantes de maneira geral, porém, o perigo é maior para as pessoas que fumam mais de meio maço de cigarro por dia. A falta de oxigenação dos tecidos, o comprometimento dos pulmões e as alterações na circulação sanguínea periférica estão entre as consequências que mais preocupam os médicos. "Estatísticas apontam que quem fuma até um maço de cigarro por dia tem três vezes mais chances de apresentar necrose da pele e gangrena", alerta Pacheco, mestre em Princípios da Cirurgia utilizando o laser.

Segundo Pacheco, além do risco da morte dos tecidos e do descolamento da pele, há a possibilidade da pele ficar enrugada por causa da dificuldade de sustentação dos tecidos e de abertura da sutura. "Estes fatores tornam a reconstrução de determinadas áreas inviáveis caso o hábito defumar não seja interrompido completamente. O tabaco ainda provoca problemas como sensibilidade aos produtos usados na cirurgia, obstrução de alguns vasos periféricos, microtrombos e lesões isquêmicas. O paciente pode sofrer com um ou mais malefícios", aponta.

Tabaco complica período de recuperação

O pós-operatório de quem fuma é mais complicado comparado ao de uma pessoa que não possui o vício. O indivíduo sente uma sensação maior de mal-estar e está mais suscetível a infecções que prejudicam os resultados cirúrgicos e a saúde em geral. "Os fumantes tendem a tossir com mais frequência e mais força, o que pode abrir os pontos cirúrgicos e dificultar a regeneração da região, especialmente de procedimentos na área do abdômen, como a abdominoplastia. A demora na irrigação sanguínea do local é responsável por cicatrizes com efeito estético ruim", acrescenta.

Nos procedimentos realizados na face há o risco de ocorrer necrose do tecido em pontos específicos, nos quais surge uma crosta escura que, após 20 dias, cai e em seu lugar fica uma cicatriz avermelhada. Os picos de pressão sanguínea podem causar sangramento na incisão e aumentar o tamanho de um dos lados do rosto por causa do hematoma. "Isto pode ser tratado, mas não é o que o médico espera de uma boa recuperação, por isso as cirurgias faciais são contra-indicadas em fumantes", destaca Pacheco, proprietário da Clínica Michelangelo de Cirurgia Plástica, em Curitiba (PR).

Doutor Alderson Luiz Pacheco (CRM-Pr 15715)

Cirurgião Plástico

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