Dieta influencia saúde dos ouvidos


Excesso de sódio e açúcar compromete a saúde do sistema auditivo e pode desencadear e intensificar o zumbido.

Ter uma alimentação equilibrada e beber, no mínimo, dois litros de água por dia são hábitos fundamentais para a saúde geral do organismo. Mais do que garantir um corpo em forma, dar preferências às frutas, verduras e legumes na hora das refeições e evitar os exageros é essencial para ter ouvidos saudáveis. “A dieta pode favorecer a saúde da audição ou prejudicá-la. Os alimentos podem afetar o sistema auditivo de maneira direta ou indireta”, ressalta a otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães.
Segundo Rita, os alimentos açucarados e salgados são grandes vilões dos ouvidos. Comer doces, bolachas recheadas, salgadinhos, embutidos, enlatados, congelados e outros itens ricos em açúcar e sódio desequilibra a endolinfa, líquido que preenche o labirinto, uma das estruturas do ouvido interno. “Este fluído tem como função manter o volume e os níveis adequados de electrólitos, como sódio, potássio e cloreto. O sal é uma das principais fontes de sódio e o seu consumo excessivo perturba os níveis da endolinfa”, explica a médica, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR.
Os doces são fontes ricas em açúcar e a flutuação dos níveis de glicose no sangue dificulta a passagem de nutrientes nos ouvidos. Além de afetar o correto funcionamento da audição, a ingestão excessiva de açúcar e sódio degenera as células com mais rapidez e pode desencadear o zumbido ou intensificar a sua percepção. “A perda auditiva e os sintomas da doença de Méniere, um distúrbio que afeta o ouvido interno e provoca danos na audição e no equilíbrio, também podem ser causados pelos erros alimentares cometidos diariamente”, esclarece a especialista.
Por outro lado, quando a alimentação não afeta os ouvidos de maneira direta, as suas consequências no organismo podem se refletir no sistema auditivo. Diabetes, hipertensão e outros problemas circulatórios são prejudiciais para os ouvidos. “As estruturas auditivas são muito delicadas. Qualquer alteração pode afetá-las e provocar danos irreversíveis, já que as células da região não são capazes de se recuperar de lesões e, quando morrem, o organismo não produz novas para repor”, enfatiza Rita, coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido (GIPZ).
O excesso de gordura, cafeína e teína, presente principalmente no chocolate, café, refrigerantes a base de cola, chá preto, chá verde e chimarrão, pode provocar danos na audição. Quando o indivíduo sofre com zumbido, estas substâncias agravam o quadro. “Somente o médico pode relacionar a ingestão destes alimentos e bebidas com o zumbido. São feitos testes, eliminando alguns itens da dieta e analisando o comportamento do organismo. Se houver alguma alteração na ausência do alimento, como melhora do zumbido, o profissional irá indicar a dieta adequada para o paciente”, aponta.

Os mocinhos da história
Para manter os ouvidos com a saúde em dia, o ideal é manter uma alimentação equilibrada, que contenha nutrientes de todos os grupos alimentares. É fundamental evitar comidas e bebidas industrializadas e preparar refeições com alimentos naturais. “Porções de frutas e verduras devem estar presentes em todas as refeições. As substituições são sempre vindas, mas não é preciso radicalizar. Comer uma fatia de pão e uma fruta é uma boa opção ao invés de cortar o carboidrato e depois ter uma crise compulsiva de comida”, observa.
Os alimentos naturais e integrais, produtos lácteos magros e as frutas e vegetais frescos ajudam a nutrir o corpo e podem prevenir males que afetam os ouvidos. “A água é de extrema importância, pois a hidratação garante o bom funcionamento do sistema circulatório. Sem contar que os fluídos do organismo precisam de água para serem produzidos. O acompanhamento de um nutricionista e de um otorrinolaringologista é indicado quando o problema auditivo está relacionado a alimentação”, acrescenta Rita, responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR.
 
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009) 
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR 
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