Conflitos
de informações entre o ouvido e o cérebro pode causar o sintoma. Tratamento
depende da causa e é interdisciplinar.
O
ouvido e o cérebro possuem uma relação íntima – os estímulos enviados pelo
primeiro permitem que o segundo interprete os sons do ambiente, a fala e os
ruídos do dia a dia. A otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães
aponta que o ouvido possui três partes: o ouvido externo, o médio e o interno.
“O externo inclui o pavilhão auricular, que tem a forma de um concha, e o
conduto auditivo externo, uma espécie de canal que liga o pavilhão ao tímpano.
O pavilhão protege o órgão do vento e da poeira e capta os sons”, explica.
O canal
auditivo possui uma parede óssea e é revestido por uma mucosa na parte mais
externa, onde ficam localizadas as glândulas secretoras do cerume, aquela cera
que faz a limpeza dos ouvidos. No ouvido médio encontra-se o tímpano, que
amplifica as ondas do som, e esta porção está ligada ao nariz e a garganta pela
tuba auditiva ou também conhecida por trompa de Eustáquio, o que garante o
equilíbrio da pressão dentro do ouvido. “O martelo, a bigorna e o estribo são
ossículos móveis que cruzam o ouvido médio e são responsáveis pela propagação
das vibrações causadas pelas ondas sonoras”, afirma.
Já
no ouvido interno encontram-se a cóclea, o vestíbulo e três canais semicirculares,
nos quais circulam um fluído gelatinoso, chamado de
endolinfa.
Nesta parte interna há órgãos da audição e também do equilíbrio corporal. “Para
que um som seja percebido ocorre um processo que tem início no ouvido e que é
finalizado no cérebro. As ondas sonoras são transmitidas pelo canal auditivo
externo e o tímpano produz as vibrações. Os ossículos do ouvido médio
amplificam e levam as vibrações até a endolinfa, que se movimenta por meio da
vibração da cóclea e leva os estímulos às células auditivas”, destaca.
Os sinais
que chegam as células auditivas são divididos de acordo com a sua vibração. Os
sons baixos ou graves vibram a porção basal da cíclea, os de intensidade
média vibram a porção média e os ruídos altos ou agudos vibram a
porção apical da cóclea. Os impulsos elétricos são transmitidos para o nervo
auditivo, que transporta as informações ao cérebro. “Cada impulso nervoso é
reconhecido pelo cérebro conforme a sua frequência. O ouvido humano é capaz de
perceber sons com vibrações acima de 16 mil ciclos por segundo e abaixo de 25
mil. A área dos sons da fala compreende os sons entre 500 e 6 mil. Os
denominados ultra-sons e infra-sons ultrapassam estes limites e não são
ouvidos”, observa.
Conflito
de informações provoca o zumbido
Rita
ressalta que se houver um distúrbio nas funções auditivas o indivíduo pode
passar a ouvir sons que não foram produzidos por fontes externas, ou seja,
ruídos que são provenientes de dentro da cabeça ou dos ouvidos. O zumbido,
também denominado tinnitus ou tinido, atinge 17% da população mundial,
principalmente os idosos, e possui mais de 200 causas. “O zumbido é um sintoma
e não uma doença. A perda de audição é a causa mais comum, mas o problema pode
surgir devido a doenças no ouvido, alterações metabólicas, problemas
cardiovasculares, questões odontológicas, medicamentos e maus hábitos de vida”,
evidencia.
A
especialista enfatiza que o zumbido jamais vai causar surdez, mas a surdez pode
sim causar este sintoma. O grau de incômodo do zumbido varia de um indivíduo
para o outro. Cerca de 80% dos pacientes não sentem incômodos e 20% têm
repercussões no cotidiano, como dificuldades para dormir e para se concentrar.
“O tratamento depende da causa, sendo que mais de um fator pode ser responsável
pelo zumbido na mesma pessoa. Em alguns casos em que não seja
possível eliminar completamente o ruído, podemos minimizar a sua percepção
e melhorar a qualidade de vida do paciente”, acrescenta.
Saber
mais sobre o zumbido é fundamental para a melhora do paciente, por isso é
importante conversar com especialistas no assunto e participar de grupos de
ajuda. Rita é coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de
Curitiba (GIPZ Curitiba), antigo GAPZ, e declara que as palestras e a troca de
experiências tranquiliza quem sofre com o problema. “Os profissionais que
participam do GIPZ Curitiba trazem informações atualizadas sobre o zumbido e
esclarecem todas as dúvidas dos participantes. As reuniões acontecem de março a
dezembro, na primeira sexta-feira do mês”, informa.
Além
da otorrinolaringologista Rita, o GIPZ é formado pelo ortodontista e
ortopedista facial Gerson Köhler, a fisioterapeuta Vivian Domit Pasqualin, a fonoaudióloga Izabella de Macedo e a psicóloga Lesle Maciel. A primeira reunião do GIPZ será no
dia 02 de março de 2012, às 14 horas, no Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Paraná. A palestra terá o tema “O que é zumbido e seus graus de
incômodo”. Quem quiser participar pode agendar a sua presença pelo
telefone (41) 3225-1665.
A entrada é livre e são aceitas doações de produtos de higiene pessoal.
Serviço: Grupo de Informação a Pessoas
com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba)
Próximo encontro: 02 de março de 2012
Tema: O que é zumbido e seus graus de
incômodo
Palestrante: Rita de Cássia Cassou
Guimarães, otorrinolaringologista, otoneurologista e coordenadora do GIPZ
Curitiba
Horário: a partir das 14h
Local: 5º andar anexo B do Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Paraná
Agendamento de presença e mais
informações: (41)
3225-1665
Entrada livre