Zumbido já atinge 17% da população mundial


Conflitos de informações entre o ouvido e o cérebro pode causar o sintoma. Tratamento depende da causa e é interdisciplinar.

O ouvido e o cérebro possuem uma relação íntima – os estímulos enviados pelo primeiro permitem que o segundo interprete os sons do ambiente, a fala e os ruídos do dia a dia. A otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães aponta que o ouvido possui três partes: o ouvido externo, o médio e o interno. “O externo inclui o pavilhão auricular, que tem a forma de um concha, e o conduto auditivo externo, uma espécie de canal que liga o pavilhão ao tímpano. O pavilhão protege o órgão do vento e da poeira e capta os sons”, explica.
O canal auditivo possui uma parede óssea e é revestido por uma mucosa na parte mais externa, onde ficam localizadas as glândulas secretoras do cerume, aquela cera que faz a limpeza dos ouvidos. No ouvido médio encontra-se o tímpano, que amplifica as ondas do som, e esta porção está ligada ao nariz e a garganta pela tuba auditiva ou também conhecida por trompa de Eustáquio, o que garante o equilíbrio da pressão dentro do ouvido. “O martelo, a bigorna e o estribo são ossículos móveis que cruzam o ouvido médio e são responsáveis pela propagação das vibrações causadas pelas ondas sonoras”, afirma.
Já no ouvido interno encontram-se a cóclea, o vestíbulo e três canais semicirculares, nos quais circulam um fluído gelatinoso, chamado de
endolinfa. Nesta parte interna há órgãos da audição e também do equilíbrio corporal. “Para que um som seja percebido ocorre um processo que tem início no ouvido e que é finalizado no cérebro. As ondas sonoras são transmitidas pelo canal auditivo externo e o tímpano produz as vibrações. Os ossículos do ouvido médio amplificam e levam as vibrações até a endolinfa, que se movimenta por meio da vibração da cóclea e leva os estímulos às células auditivas”, destaca.
Os sinais que chegam as células auditivas são divididos de acordo com a sua vibração. Os sons baixos ou graves vibram a porção basal da cíclea, os de intensidade média vibram a porção média e os ruídos altos ou agudos vibram a porção apical da cóclea. Os impulsos elétricos são transmitidos para o nervo auditivo, que transporta as informações ao cérebro. “Cada impulso nervoso é reconhecido pelo cérebro conforme a sua frequência. O ouvido humano é capaz de perceber sons com vibrações acima de 16 mil ciclos por segundo e abaixo de 25 mil. A área dos sons da fala compreende os sons entre 500 e 6 mil.  Os denominados ultra-sons e infra-sons ultrapassam estes limites e não são ouvidos”, observa.

Conflito de informações provoca o zumbido
Rita ressalta que se houver um distúrbio nas funções auditivas o indivíduo pode passar a ouvir sons que não foram produzidos por fontes externas, ou seja, ruídos que são provenientes de dentro da cabeça ou dos ouvidos. O zumbido, também denominado tinnitus ou tinido, atinge 17% da população mundial, principalmente os idosos, e possui mais de 200 causas. “O zumbido é um sintoma e não uma doença. A perda de audição é a causa mais comum, mas o problema pode surgir devido a doenças no ouvido, alterações metabólicas, problemas cardiovasculares, questões odontológicas, medicamentos e maus hábitos de vida”, evidencia.
A especialista enfatiza que o zumbido jamais vai causar surdez, mas a surdez pode sim causar este sintoma. O grau de incômodo do zumbido varia de um indivíduo para o outro. Cerca de 80% dos pacientes não sentem incômodos e 20% têm repercussões no cotidiano, como dificuldades para dormir e para se concentrar. “O tratamento depende da causa, sendo que mais de um fator pode ser responsável pelo zumbido na mesma pessoa. Em alguns casos em que não seja possível eliminar completamente o ruído, podemos minimizar a sua percepção e melhorar a qualidade de vida do paciente”, acrescenta.
Saber mais sobre o zumbido é fundamental para a melhora do paciente, por isso é importante conversar com especialistas no assunto e participar de grupos de ajuda. Rita é coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba), antigo GAPZ, e declara que as palestras e a troca de experiências tranquiliza quem sofre com o problema. “Os profissionais que participam do GIPZ Curitiba trazem informações atualizadas sobre o zumbido e esclarecem todas as dúvidas dos participantes. As reuniões acontecem de março a dezembro, na primeira sexta-feira do mês”, informa.
Além da otorrinolaringologista Rita, o GIPZ é formado pelo ortodontista e ortopedista facial Gerson Köhler, a fisioterapeuta Vivian Domit Pasqualin, a fonoaudióloga Izabella de Macedo e a psicóloga Lesle Maciel. A primeira reunião do GIPZ será no dia 02 de março de 2012, às 14 horas, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. A palestra terá o tema “O que é zumbido e seus graus de incômodo”. Quem quiser participar pode agendar a sua presença pelo telefone (41) 3225-1665. A entrada é livre e são aceitas doações de produtos de higiene pessoal.

Serviço: Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba)
Próximo encontro: 02 de março de 2012
Tema: O que é zumbido e seus graus de incômodo
Palestrante: Rita de Cássia Cassou Guimarães, otorrinolaringologista, otoneurologista e coordenadora do GIPZ Curitiba
Horário: a partir das 14h
Local: 5º andar anexo B do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná
Agendamento de presença e mais informações: (41) 3225-1665
Entrada livre