Perda auditiva pode ser identificada ainda na maternidade





Testes avaliam a capacidade auditiva dos bebês e tratamento precoce garante desenvolvimento saudável.

Na próxima quarta-feira (21/03) será comemorado o Dia Mundial da Infância. Desde o nascimento as crianças são sujeitos de direito e devem ser respeitadas. Os seus direitos devem ser garantidos e efetivados pela família e pelo Estado. “Toda criança tem o direito de crescer com saúde e ter assistência médica quando for necessário. Os pais tem grande responsabilidade no crescimento e desenvolvimento de seus filhos e devem ficar atentos aos sinais que indicam que algo está errado”, observa a médica Rita de Cássia Cassou Guimarães, especialista em otorrinolaringologia e em otoneurologia.
Esta primeira fase da vida é fundamental para o desenvolvimento saudável de todo o organismo e qualquer alteração pode ter reflexos na vida adulta. A audição, por exemplo, é um sentido fundamental na comunicação e tem influências no aprendizado, na concentração, em aspectos psicológicos e sociais. “Os cuidados com a saúde auditiva começam ainda na maternidade. O teste da orelhinha, denominado tecnicamente de Teste de Emissões Otoacústicas Evocadas, é realizado por meio de um aparelho que avalia a capacidade auditiva do bebê”, explica.
Rita esclarece que se o médico perceber alguma alteração na audição por meio dos resultados do Teste da Orelhinha é necessário fazer exames audiológicos mais profundos, que são capazes de mostrar se há lesões nos ouvidos, o local e qual a intensidade da perda. “Os pais devem observar as reações auditivas do bebê. Nos primeiros meses a criança reage a sons fortes e vozes com movimentos, atenção ou piscadas. Do quarto mês em diante o bebê passa a procurar a fonte sonora, movimentando a cabeça ou o corpo”, enfatiza.
Se houver a suspeita de surdez genética o bebê ainda deve passar pelo Teste de Surdez Genética. Para realizar este exame laboratorial é preciso retirar algumas gotas de sangue do calcanhar do paciente. Esta avaliação pode ser feita em bebês, crianças e adultos. “Normalmente este teste é feito quando a perda auditiva já foi detectada e tem o objetivo de possibilitar um diagnóstico correto e o acompanhamento profissional adequado. Os resultados são ainda melhores quando a perda é identificada precocemente”, ressalta a especialista.
Quando a criança cresce, outros sinais indicam como está a audição. Falar alto, pedir para repetir várias vezes a mesma informação, aumentar o volume acima do normal da televisão ou do rádio sem motivo e não identificar fontes sonoras mais afastadas são comuns em indivíduos com perda de audição. “Dificuldades de concentração e problemas comportamentais também sinalizam que a saúde auditiva está prejudicada. A perda da audição só pode ser confirmada após a realização de exames e o acompanhamento de um profissional”, destaca.
A exposição intensa a ruídos é um dos fatores que podem afetar os ouvidos em qualquer idade, mas na infância o problema provoca consequências mais graves. O uso precoce de celular e fones de ouvido também pode comprometer ainda mais a audição. “Os brinquedos sonoros são um perigo para os ouvidos infantis. Os sons emitidos pela maioria destes objetos ultrapassam os limites considerados seguros para a audição”, alerta a médica, responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR.
Nas crianças a perda auditiva considerada incapacitante deve ser maior do que 30 decibéis (dB) – nos adultos deve ser maior do que 40 dB. O tratamento é indicado conforme a causa e as alterações associadas à perda auditiva. “Se for necessário, a criança pode usar aparelho auditivo. O aparelho possibilita a integração na escola, na família e em qualquer ambiente que a criança frequente, contribui para o aprendizado, o desenvolvimento da fala, da linguagem e da cognição”, acrescenta Rita, mestre em clínica cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
A especialista ainda comenta que crianças com surdez profunda bilateral com até dois anos de idade podem ser pacientes com indicação para o implante coclear. O implante evita o comprometimento no processo de aquisição de linguagem e permite que a criança leve uma vida normal. “Em bebês com perda auditiva devido à má formação congênita das orelhas é possível fazer o implante do BAHA (Bone Anchorade Hearing Aid). Este aparelho tem apresentados bons resultados”, finaliza.



Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)

Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR


Telefone:  41-3225-1665     
Endereço: Rua João Manoel, 304 Térreo, Bairro São Francisco, Curitiba PR.