Com episódios de curta duração, a Vertigem Posicional Paroxística Benigna surge ao movimentar a cabeça.
Na
terceira idade a saúde é mais frágil e precisa de cuidados especiais.
Qualquer sintoma que indique alguma alteração no organismo exige o
acompanhamento médico, impedindo a progressão da enfermidade. A
vertigem, por exemplo, é um sintoma que muitas vezes é negligenciado nas
primeiras crises e a ausência de tratamento piora o quadro. “A vertigem
é um tipo de tontura rotatória e está ligada aos distúrbios que afetam
um órgão do ouvido chamado labirinto, comprometendo a audição e o
equilíbrio corporal”, explica a otorrinolaringologista Rita de Cássia
Cassou Guimarães.
Dos
casos de vertigem, um terço são representados pela denominada Vertigem
Posicional Paroxística Benigna (VPPB). A VPPB é caracterizada por
episódios de tontura rotatória que é desencadeada por determinados
movimentos da cabeça. Os mais comuns são os movimentos de rotação para
um lado e para o outro quando o indivíduo está deitado, se levantando,
inclinando o corpo para baixo ou fazendo um hiperextensão da cabeça –
movimento de olhar para cima. “Este tipo de vertigem é mais comum em
idosos. Dentro deste nicho, as mulheres são as mais afetadas”, ressalta a
médica.
A
duração de cada episódio de vertigem rotatória é curta e dura no máximo
um minuto. As crises começam logo após o indivíduo assumir uma nova
posição e no início a intensidade é menor, aumentando até o nível máximo
e então o corpo volta ao normal. Segundo Rita, traumatismos cranianos,
infecções e degeneração podem estar relacionados com a VPPB. “Não há
queixas de perda auditiva, zumbido ou sensação de ouvido cheio. A VPPB
também pode surgir de forma espontânea no idoso e em alguns casos pode
ser associada à doença de Ménière e a enxaqueca”, afirma.
Rita
esclarece que dentro do ouvido há a presença de otólitos, nome dado às
concreções de carbonato de cálcio, que ficam localizadas dentro de
câmaras no ouvido interno. Os fragmentos destas partículas se deslocam
para os canais do ouvido ou se fixam na cúpula, uma estrutura gelatinosa
do labirinto. “Ao mudar a posição da cabeça estes fragmentos estimulam
excessivamente as células sensoriais do labirinto, provocando a
vertigem”, aponta a especialista, coordenadora do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba).
Para
o diagnóstico é necessário fazer alguns testes de posicionamento, como a
manobra de Dix-Hallpike, na qual o médico movimenta a cabeça do
paciente para observar as respostas do organismo. O paciente ainda deve
passar por uma avaliação otoneurológica, com testes audiológicos e
vestibulares como a videonistagmografia, testes posicionais e em alguns
casos ressonância magnética e tomografia computadorizada. “A
vídeonistagmografia é um sistema de análise computadorizada, amplamente
utilizado para avaliar alterações do equilíbrio corporal”, observa.
Na
vídeonistagmografia é feita uma análise dos movimentos oculares, com o
registro em vídeo. Esta tecnologia permite a localização da lesão e a
identificação da causa do problema de uma forma mais eficaz e ágil do
que outras estratégias. “Os cálculos são feitos automaticamente,
facilitando o diagnóstico. O aparelho não é encontrado em qualquer
lugar. Aqui no Paraná existe apenas um exemplar para avaliar os
distúrbios que afetam o equilíbrio corporal nos meus pacientes,
facilitando o seu diagnóstico e tratamento”, conta Rita, mestre em
clínica cirúrgica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O
tratamento da VPPB varia conforme o caso e as condições de saúde do
paciente. Manobras de reposicionamento, medicamentos, exercícios
posturais e de reabilitação vestibular e até intervenção cirúrgica podem
ser indicados pelo médico. “Mesmo sendo considerada uma condição
benigna, a VPPB causa desconfortos muito desagradáveis e deve ser
tratada para não prolongar o sofrimento do paciente, causar
incapacitação para as atividades de vida diária e nem desencadear outras
doenças”, finaliza Rita, responsável pelo Setor de Otoneurologia da
Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da
UFPR.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
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