Interdisciplinariedade é fundamental para diagnosticar disfunções
nas articulações temporo-mandibulares em pacientes com
fibromialgia.
Dores de cabeça tensionais, dor crônica generalizada nos dois
lados do corpo, acima e abaixo da cintura, rigidez nas articulações, ansiedade,
depressão, distúrbios do sono e disfunções nas articulações temporo-mandibulares
(ATMs). Estes são alguns dos sintomas próprios da fibromialgia, uma síndrome
dolorosa crônica sem inflamação. A enfermidade é caracterizada quando o paciente
sente dores no corpo inteiro, não sendo capaz de identificar com precisão onde
está doendo e o problema está presente há pelo menos três meses. A doença atinge
principalmente o sexo feminino, em uma proporção de 20 mulheres para um
homem.
A fibromialgia é uma doença reumatológica crônica, com
presença de dores músculo-esqueléticas e a patologia contribui para a
amplificação das sensações dolorosas, alterando a forma como o cérebro
interpreta os sinais de dor. O ortodontista e ortopedista facial, Gerson Köhler,
aponta que a prevalência de disfunções das articulações temporo-mandibulares
(DTM) em pacientes com fibromialgia é maior do que a situação oposta, ou seja, é
mais difícil a fibromialgia surgir em quem tem DTM. “A DTM refere-se a várias
alterações que envolvem a musculatura mastigatória e as articulações
temporo-mandibulares”, observa.
Juarez Köhler, ortodontista e ortopedista facial que compõe a
equipe clínica da Köhler Ortofacial, esclarece que as ATMs tem a função de
fechar abrir a boca e tem a capacidade de fazer diversos movimentos. “As ATMs
podem se deslocar para frente, para trás e também para os lados. A principal
relação deste par (direito e esquedo) de articulações com a fibromialgia se
deve pelo fato de as ATMs serem envoltas por um dos grupos musculares mais
poderosos do corpo humano. As dores nesta articulação podem se propagar na
região da cabeça, face, pescoço e ombros”, acrescenta.
Os masseteres fazem parte do conjunto de músculos que atuam
na mastigação e por causa da excessiva contração muscular ocorrem condições como
apertamento de dentes e bruxismo, distúrbio caracterizado pelo ranger de dentes.
Os dentes são praticamente reféns destes músculos, que tem o poder de exercer
uma força superior à meia tonelada, capacidade totalmente destrutiva para as
estruturas faciais. “Problemas dentários podem agravar o quadro e os sintomas
surgem principalmente durante a noite. As dores noturnas prejudicam a qualidade
do sono e pioram os sintomas da fibromialgia”, enfatiza
Juarez.
Gerson, professor convidado da pós-graduação da Universidade
Federal do Paraná (UFPR) desde 1988, explica que assim como a fibromialgia, a
DTM também tem maior incidência nas mulheres, com uma proporção de nove pessoas
do sexo feminino contra uma do sexo masculino. “As mulheres estão mais sujeitas
a mudanças hormonais, estresse emocional e alterações anatomo-funcionais,
fatores que podem contribuir para o surgimento destes distúrbios. No que diz
respeito à idade as duas patologias estão presentes especialmente na população
entre 30 e 40 anos, mas podem - também - atingir crianças e adultos”,
evidencia.
Os pacientes que sofrem com fibromialgia e DTM ainda têm mais um
obstáculo a ultrapassar além das dores crônicas e de todos os sintomas: a
dificuldade de ser diagnosticado com precisão. “Existem vários sintomas que são
semelhantes nas duas patologias. Também é necessário levar em consideração que
os especialistas podem diagnosticar um dos problemas e o outro ser descoberto
somente mais tarde, prolongando o sofrimento dos indivíduos”, destaca Gerson,
especialista em ortopedia funcional dos maxilares, com atuação
interdisciplinar também em distúrbios do sono.
Os principais
sintomas da DTM são dores, sensibilidade ao toque das articulações
temporo-mandibulares e dos músculos mastigatórios, ruídos nas articulações e
mudanças na dinâmica mandibular. “O procedimento de avaliação dos 18 pontos
doloridos comuns à fibromialgia nem sempre leva em consideração as dores
orofaciais, o que reforça a importância da atuação de uma equipe
interdisciplinar para tratar o paciente de modo integrado. Isto facilita o
diagnóstico e permite que os profissionais recorram a métodos terapêuticos mais
assertivos”, finaliza Gerson, que também atua na equipe interdisciplinar da
Köhler Ortofacial.
Doutor Gerson Köhler (CRO 3921 – PR)
Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial
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