Distúrbio que afeta equilíbrio
corporal e audição pode ser diagnosticado com exame por vídeo.
O
equilíbrio corporal depende da interação de vários órgãos e sistemas do organismo.
Olhos, ouvidos, ossos, articulações e o cérebro se envolvem para garantir o
controle do equilíbrio. De acordo com Rita de Cássia Cassou Guimarães, otorrinolaringologista
e otoneurologista, enfermidades que afetam estes órgãos podem comprometer o
equilíbrio e provocar sintomas como vertigens, dificuldade para se equilibrar e
zumbido. “A perda de audição e a sensação de ouvidos tampados também podem
indicar que algo não vai bem no sistema vestibular”, ressalta.
O
labirinto, uma estrutura situada no ouvido interno e que faz parte do sistema vestibular
– responsável pela manutenção do equilíbrio – é preenchido por um líquido
denominado endolinfa, que é constantemente produzido e absorvido. Quando ocorre
alguma alteração em sua absorção, a quantidade de líquido aumenta e acontece a
ruptura da membrana do labirinto. “O rompimento causa mudanças nos níveis de
sódio e potássio da endolinfa, alterando os estímulos nas células sensoriais e
gerando crises de vertigem”, explica Rita, mestre em clínica cirúrgica pela
UFPR.
Quando o
indivíduo passa por episódios de zumbido, redução de audição e vertigem há indícios
da presença de distúrbios que comprometem a audição e o equilíbrio, como a Doença
de Ménière. Descoberta em 1861, a enfermidade afeta, principalmente, pessoas
com idade entre 30 e 50 anos. “As crises duram, no mínimo, 30 minutos, e podem
se estender por algumas horas. Os sintomas podem ser percebidos juntos ou de
maneira isolada e as alterações auditivas variam, sendo que o paciente pode
relatar melhora ou piora da audição”, aponta a médica.
Na fase
inicial da Doença de Ménière, o paciente pode sentir apenas zumbido, pressão no ouvido e perda de
audição, sintomas auditivos, ou vertigem e desequilíbrio, sintomas
vestibulares. Em casos mais graves, as crises podem ser acompanhadas de náuseas
e vômitos. “Em geral, a doença afeta um dos ouvidos, mas o problema pode ser
bilateral. Os principais fatores que estão relacionados com a enfermidade são
doenças auto-imunes, problemas psicológicos, alterações do metabolismo, mudanças
ríspidas da pressão barométrica, hipertensão, diabetes, infecções
e inflamações”, destaca.
Exame por vídeo ajuda a
diagnosticar Doença de Ménière
É
necessária a realização de vários exames para o diagnóstico. Além de informar
seu histórico clínico, o paciente passa por avaliações como audiometria, eletrococleografia, otoemissões acústicas evocadas e imitanciometria. “A
análise por vídeo é fundamental para verificar alterações no equilíbrio
corporal. A chamada videonistagmografia permite a visualização dos movimentos
oculares, o registro das informações em vídeo, a localização da lesão e a
identificação da causa”, observa Rita, coordenadora do Grupo de Informação a
Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba).
Na videonistagmografia, todos os cálculos são feitos automaticamente por
meio de um sistema de análise computadorizado, o que agiliza o diagnóstico,
elimina as chances de erro e facilita o trabalho do médico. “No Paraná, existe
apenas um aparelho, o qual uso em meu consultório para avaliar os pacientes com
suspeita de distúrbios de equilíbrio corporal”, conta a médica, responsável
pelo Setor de Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O tratamento da Doença de Ménière inclui a indicação
de medicamentos que aliviam os sintomas, previnem as crises e podem eliminar a
causa se ela tiver sido identificada. A cirurgia é recomendada para casos
específicos. “O procedimento cirúrgico é indicado apenas para pacientes com a
audição extremamente comprometida e a vertigem é incapacitante, ou seja, impede
que o indivíduo consiga realizar suas tarefas normalmente e prejudica a
qualidade de vida. Tratar a doença de maneira precoce aumentar as chances de
bons resultados”, acrescenta.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
Email: ritaguimaraescwb@gmail.com
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