Envelhecimento
prejudica estruturas do ouvido e causa deficiência auditiva.
A
população está ficando cada vez mais velha, mudando o desenho da pirâmide
etária. Em 1960, aproximadamente 4,7% dos brasileiros tinham 60 anos ou mais,
percentual que corresponde a cerca de 3,3 milhões de pessoas. Em 2010, este
número passou dos 20 milhões, o equivalente a 10,8% da população brasileira. Os
dados são dos censos demográficos de 1960 e de 2010
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os idosos têm até
uma data especial para comemorar – o Dia Internacional da Terceira Idade,
celebrado no dia 1º de outubro.
O
passar dos anos proporciona acúmulo de experiências e conhecimento e o ser
humano passa por um processo natural de envelhecimento físico. Cada órgão é
afetado de uma maneira diferente, mas todo o corpo passa pelas mudanças ditadas
pelo relógio biológico. “A genética, o ambiente, a alimentação e as emoções
influenciam o envelhecimento, acelerando ou retardando este processo. A audição
é um dos sistemas que são alterados com o envelhecimento”, afirma a
otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães.
A
deficiência auditiva na terceira idade é conhecida como presbiacusia. A partir
dos 50 anos, as células auditivas começam a encerrar seu ciclo de vida e o
organismo não é capaz de repor as unidades celulares que morreram. O resultado
é perda de audição. “A perda é progressiva e ocorre de maneira lenta. Se
estiver associado a outras doenças ou a hábitos que causam danos aos ouvidos,
como a exposição intensa a ruídos, o uso de fones de ouvido ou de medicamentos
tóxicos a audição, o quadro pode avançar para surdez”, explica.
O
ouvido possui a parte externa, a média e a interna. A externa é composta pela
orelha, pelo canal auditivo e pela membrana do tímpano. A abertura da tuba
auditiva, o martelo, a bigorna e o estribo ficam localizados no ouvido médio. O
labirinto, formado pela cóclea e pelo vestíbulo, fica na parte interna. “Dentro
do labirinto há um líquido chamado endolinfa, que se movimenta e estimula as
células sensoriais. Os estímulos servem para informar a posição do corpo no
espaço. Quando as vibrações do ar chegam à cóclea, elas são transformadas em
impulsos nervosos”, esclarece.
Os
impulsos passam pelo nervo auditivo e são enviados até o cérebro, responsável
pela decodificação dos sinais e interpretação dos sons. Quando os sons não são
ouvidos perfeitamente, há perda de audição, que pode ser classificada em leve,
moderada e severa. “Os sons abaixo da faixa dos 40 decibéis não são detectados
na perda leve e o indivíduo tem dificuldade para compreender a fala de outras
pessoas. No nível moderado, a perda exige o uso de aparelho auditivo, já que os
ouvidos não são capazes de ouvir sons abaixo de 70 decibéis”, ressalta.
Quando
não é possível ouvir barulhos abaixo de 90 decibéis, a perda é severa e em
alguns casos o aparelho auditivo não é suficiente para compensar o problema,
sendo necessário o uso de linguagem gestual. Na perda profunda, o ouvido não
capta os sons e a comunicação é feita por meio de leitura labial e gestos. “Ter
uma boa audição é fundamental para a comunicação e para a segurança de uma
pessoa, já que os sons também servem como sinal de alerta contra perigos. Os
idosos com deficiência auditiva tendem a se isolar e a evitar participação na
vida social”, observa.
Os principais sintomas da
presbiacusia são dificuldades para entender sons agudos, distinguir as letras “s“,
“th” "z", "f", "v", "t" e
"d", maior facilidade para ouvir as vozes masculinas do que as
femininas e zumbido. “A principal causa de zumbido é a perda de audição. Ao
tratar a deficiência auditiva é possível promover qualidade de vida ao
paciente, que além de ouvir melhor, conseguirá perceber menos o ruído. A
realização de testes auditivos ajuda a identificar o tipo e o grau da perda,
possibilitando o diagnóstico correto. O tratamento precoce é importante, pois
evita que a situação se agrave”, acrescenta.
Um dos tratamentos que podem ser
indicados em caso de perda de audição acompanhada de zumbido é o uso de
aparelho auditivo, para a deficiência auditiva, associado à terapia sonora com um
aparelho chamado Oasis, da Neuromonics. “O dispositivo promove estimulação
sonora com música por meio de fones de ouvido de acordo com o perfil auditivo
do paciente. O aparelho deve ser usado de duas a quatro horas por dia e o
tratamento dura cerca de oito meses. O tratamento com Neuromonics é capaz de
filtrar definitivamente o zumbido, ou seja, o paciente não percebe mais o ruído”,
enfatiza.
A médica participou
de um treinamento nos Estados Unidos para aplicar a Terapia Sonora com
Neuromonics e é a única médica no Paraná credenciada junto a Politec Saúde para
oferecer este tipo de tratamento para o zumbido. “É essencial que a perda de
audição seja tratada em conjunto com o zumbido, já que ela é um dos principais
fatores que desencadeiam o sintoma”, finaliza Rita, coordenadora do Grupo de
Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba).
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
Email: ritaguimaraescwb@gmail.com
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