Deficiência auditiva prejudica convívio social na terceira idade.
O Dia Internacional da Terceira Idade foi comemorado no último sábado (01/10) e a data é uma boa oportunidade para reforçar a importância dos cuidados com a saúde auditiva nesta fase da vida. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) só no Brasil mais de 15 milhões de pessoas têm problemas auditivos e deste total somente 40% reconhecem que a audição não anda bem. “Muitos problemas, como a perda de audição, se instalam de forma progressiva e só são identificados em grau mais avançado”, explica a otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães.
Entre os idosos a prevalência dos problemas de audição é ainda maior. Pelo menos 12 milhões de pessoas dos 15 citados acima têm mais de 65 anos e sofrem com algum grau de perda auditiva. “O envelhecimento repercute em toda a saúde do organismo. Com o avanço da idade acontecem alterações degenerativas, consideradas naturais, e que aumentam ainda mais as deficiências que atingem os ouvidos”, ressalta a especialista, que também é otoneurologista e é responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR.
A perda natural de função faz com que os ouvidos percam primeiro a capacidade de captar os sons agudos. Além da idade, fatores como a otosclerose, intoxicações por medicamentos, otites, tumores e outras doenças podem provocar a diminuição da audição. “A redução na capacidade auditiva ainda pode ser acompanhada por zumbido, tonturas e vertigem. Estes dois últimos sintomas estão ligados aos principais motivos de queda na terceira idade”, observa Rita, que possui o título de mestre em clínica cirúrgica pela UFPR.
A otorrinolaringologista aponta que a vertigem é causada por alterações no sistema vestibular, estrutura localizada nos ouvidos e que é responsável pelo equilíbrio. Nos idosos os distúrbios do metabolismo, infecções, intoxicação medicamentosa, problemas circulatórios, ansiedade e problemas visuais estão relacionados ao surgimento da vertigem. “Sensação de desmaio, náuseas, vômitos, sudorese, palidez e taquicardia são outros sintomas que sinalizam que algo não vai bem”, aponta.
Dificuldades de comunicação prejudicam idosos
A perda auditiva, chamada de presbiacusia quando é resultado do processo de envelhecimento, causa reflexos psicológicos e influem na vida social dos idosos. “A limitação causada pela deficiência auditiva é considera incapacitante, já que o paciente se sente isolado e excluído, pois não consegue desempenhar sua função na sociedade. Os problemas de compreensão da fala do idoso potencializam ainda mais os efeitos negativos dos problemas de audição, afetando inclusive a sua relação com os familiares”, esclarece Rita.
A comunicação é fundamental para manter os indivíduos ativos sociedade e qualquer distúrbio pode comprometer na sua atuação. A dificuldade de ouvir e de compreender a fala de outras pessoas faz com que os idosos se sintam constrangidos e se isolem cada vez mais. “A interação social é prejudicada e se reflete em quadros depressivos, sentimentos de tristeza e desamparo. A família do idoso é de extrema importância para evitar este tipo de situação e deve ficar atenta aos sinais que indicam que é necessário buscar um especialista”, recomenda.
Segundo Rita, os ouvidos precisam ser constantemente estimulados. Sem os sons eles ficam destreinados, perdem os aprendizados adquiridos durante a vida. Por isso é imprescindível buscar tratamento assim que o problema for descoberto, evitando danos mais sérios à audição. “Exames audiológicos auxiliam o diagnóstico e a consulta a um otorrinolaringologista regularmente previnem o avanço dos problemas auditivos”, acrescenta a médica, coordenadora do Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GAPZ).