Bruxismo pode desencadear ou intensificar zumbido


Ortodontista explicou a relação entre as questões odontológicas e o zumbido na reunião de outubro do GIPZ Curitiba.
Ele falou que não tinha o que fazer com o zumbido". Esta foi a resposta do profissional que atendeu Roberto Damasceno Ferreira, 57, há 10 anos, quando ele decidiu investigar o que era o ruído que não saia do seu ouvido. Na época, Ferreira conversou com sua cunhada, que o encorajou a buscar outras opiniões. "Eu pesquisei bastante e encontrei a otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães. Fiz exames e comecei a frequentar as reuniões do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba), que ainda se chamava GAPZ naquele tempo", conta.

Nos encontros promovidos por diversos especialistas voluntários, Ferreira aprendeu sobre o zumbido, descobriu que o sintoma é causado por mais de 200 causas e que existe tratamento. "Passei a administrar o zumbido. Sete anos se passaram e em novembro do ano passado meus ouvidos ficaram tampados, da mesma forma quando a gente desce a serra. Fui ao médico, tomei remédio e um ouvido melhorou, o outro não. Além disso, o zumbido aumentou muito, então voltei a procurar ajuda. Já fiz novos exames e a dra. Rita está analisando o caso para concluir o diagnóstico", declara.

Ferreira foi convidado a participar do GIPZ novamente e na última sexta-feira (05 de outubro) esteve presente na palestra ministrada pelo ortodontista e ortopedista facialGerson Köhler, profissional voluntário do grupo. O tema foi "A atuação da Ortodontia, Ortopedia Facial e Ortopedia Craniomandibular em pacientes com zumbido". Köhler explicou que a articulação localizada próxima aos ouvidos, chamada de articulação temporomandibular (ATM), pode estar relacionada com o surgimento ou modulação do ruído.

Esta articulação é considerada a mais complexa do corpo humano, pois envolve todas as estruturas da boca. A ATM deve funcionar de maneira suave, dividindo a força da musculatura mastigatória igualmente entre o lado esquerdo e o lado direito da boca. "Ela deve se mover de cima para baixo e para os lados com naturalidade, sem ruídos e sem qualquer sintoma. Alterações no modo como a boca se fecha e os dentes se conectam entre si podem afetar a divisão de força dos músculos, prejudicando a face. O bruxismo, conhecido como apertamento de dentes, é uma das consequências dessas alterações", esclarece.

O bruxismo é nocivo para os músculos e ossos da face, já que exerce uma poderosa ação sob estas estruturas - a força dos apertamentos pode chegar a 500 quilogramas, uma intensidade destrutiva para a face. "O problema gera dor, desconfortos e zumbido. Por um erro do organismo, os estímulos enviados ao cérebro sobre o apertamento são desviados do seu caminho e passam pelo nervo auditivo. O cérebro recebe os sinais e os interpreta como som e o indivíduo passa a perceber o zumbido. Tomografia, ressonância magnética e radiografia são os exames solicitados para o diagnóstico", aponta.

O ortodontista ressalta que durante a consulta o paciente é orientado a fazer um teste com onze manobras diferentes para que o especialista possa verificar de que forma as questões odontológicas influenciam o zumbido. A avaliação é composta por movimentos como fechamento forçado da mandíbula, pressão na fronte e atrás do pescoço, rotação da cabeça para a esquerda e para a direita e projeção da mandíbula para frente e para os lados. Após o diagnóstico, são determinadas as estratégias para o tratamento. "A primeira consulta sempre deve ser feita com um otorrinolaringologista que atue com zumbido. É o otorrino que irá encaminhar para as outras especialidades", destaca.

A próxima reunião do GIPZ será no dia 11 de novembro e a reunião será conduzida pela otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães, coordenadora do grupo. Ferreira já confirmou a sua presença no evento. "Tudo o que aprendi me ajudou muito e facilitou as consultas, pois eu tinha conhecimento. Eu acho o GIPZ show de bola, sou super fã e as aulas são um espetáculo. São profissionais que gostam do que fazem. Eu divulgo para todo mundo e tudo o que eu puder fazer pelo GIPZ, eu farei", enfatiza.

Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba)

O Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba) é formado pela otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães, pelo ortodontista e ortopedista facial Gerson Köhler, pela fisioterapeuta especialista em dor crônica Vivian Domit Pasqualin, pela fonoaudióloga especialista em audiologia Izabella de Macedo e pela psicóloga especialista em Terapia Cognitivo Comportamental Daniela Matheus. Os encontros são gratuitos, realizados de março a dezembro no Hospital de Clínicas da UFPR, sempre na primeira sexta-feira do mês.

Próximo encontro: 11 de novembro de 2012

Tema: "Terapia de Habituação do Zumbido (TRT)"

Palestrante: otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães (otorrinolaringologista e otoneurologista)

Horário: a partir das 14h

Local: 5º andar anexo B do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná

Agendamento de presença e mais informações: (41) 3225-1665     

Entrada livre