O apertamento e o ranger de dentes pode provocar a alteração progressiva das estruturas faciais.
O
estresse pode ser definido como uma reação do organismo que reúne
aspetos psicológicos, físicos, hormonais e mentais. Esta resposta é
desencadeada em situações que exigem adaptação, eventos inesperados ou
momentos de alerta. “O estresse pode ser positivo ou negativo. O
primeiro se limita a fase inicial, como um aviso ao corpo. Já o negativo
ocorre quando o indivíduo ultrapassa os seus limites e a capacidade de
adaptação é esgotada, prejudicando a qualidade de vida”, explica Gerson
Köhler, especialista em ortodontia e ortopedia facial da Köhler
Ortofacial.
Considerado
uma epidemia mundial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o
estresse causa sintomas psicológicos e físicos como dificuldades
relacionadas à memória e concentração, tensões musculares, problemas de
pele, infecções, dores e hipertensão. “O estresse também pode se
manifestar na boca, com o surgimento do bruxismo, um hábito anormal, no
qual a pessoa passa a ranger ou apertar os dentes de maneira intensa,
involuntária e ritmada. O distúrbio é desencadeado por movimentos
anormais da mandíbula e pode comprometer a estrutura facial”, esclarece.
O bruxismo, também denominado briquismo,
atinge pessoas do sexo masculino e feminino em qualquer fase da vida. O
especialista aponta que o hábito é extremamente destrutivo para os
dentes, seus tecidos de suporte e as articulações da mandíbula. “A
alteração nem sempre é diagnosticada. Estimativas sugerem que
aproximadamente 20% dos portadores reconhecem o problema, um número
pequeno comparado ao grande universo de indivíduos que sofrem com o
apertamento de dentes”, destaca Gerson, professor da pós-graduação da
Universidade Federal do Paraná (UFPR) desde 1988.
Existem
dois tipos de bruxismo, o do sono (BS) e o da vigília (BV). O primeiro
ocorre somente a noite, enquanto a pessoa está dormindo e o segundo é
percebido durante o dia. O indivíduo pode apresentar os dois tipos,
sendo que o da vigília afeta uma em cada cinco pessoas, de acordo com
dados do artigo Neurobiological Mechanisms Involved in Sleep Bruxism.
“Esta é pesquisa científica é importante e foi realizada por
pesquisadores da Universidade de Montreal em conjunto com o Centro de
Estudo do Sono do Hospital Sacré-Coeur e a Faculdade de Odontologia da
Universidade de Toronto, todos localizados no Canadá”, acrescenta.
Além
do estresse físico e emocional, fatores como sobrecarga e disfunção da
musculatura mastigatória, alterações na articulação têmporo-mandibular
(ATM) – que fica localizada entre as extremidades da mandíbula e o
crânio, bem ao lado dos ouvidos -, perdas dentárias, fechamento
incorreto da boca, problemas nas vias aéreas superiores e mau
alinhamento dos dentes podem provocar bruxismo. “A musculatura facial é
muito poderosa e atua sobre os dentes, os ossos que os sustentam e as
ATMs. A força desnecessária destes músculos provoca uma sobrecarga
excessiva, causando o bruxismo”, observa.
O
zumbido também está relacionado ao bruxismo. Os apertamentos podem
provocar a compressão de nervos presentes na região posterior do disco
articular (o menisco) das ATMs, próxima às estruturas do ouvido. “A
compressão estimula o envio de sinais ao cérebro que podem ser
decodificados como uma sensação sonora na ausência de uma fonte externa,
o zumbido. O barulho pode ser percebido na cabeça ou nos ouvidos e
exige o acompanhamento interdisciplinar no diagnostico e no tratamento”,
afirma Gerson, que faz parte do Grupo de Informação a Pessoas com
Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba) do HC/UFPR.
Entre
os sintomas do distúrbio estão cansaço nos músculos faciais, desgastes
excessivo dos dentes, dificuldades para abrir a boca, fraturas
dentárias, dores nas articulações mastigatórias, estalos e travamento
nas ATMS, dores de cabeça tensionais frequentes na região temporal e
dores no rosto, pescoço, ouvido e até nos ombros. “Quando o bruxismo é
diurno, as dores são mais intensas na parte da tarde. Se for noturno, as
dores aumentam na parte da manhã”, enfatiza o ortodontista,
especialista em ortopedia funcional dos maxilares.
O
tratamento do bruxismo depende da intensidade dos apertamentos e do
ranger de dentes, do período em que o distúrbio ocorre – de dia ou de
noite – e das causas. Uso de placas interoclusais, tratamentos
normalizadores ortodônticos e odontológicos fazem parte das estratégias
indicadas pelos especialistas. “A prática de exercícios físicos também é
fundamental. O ideal é consultar um profissional especializado para
diagnosticar a causa e tratar a raiz do problema, proporcionando mais
qualidade de vida aos pacientes e promovendo a saúde”, finaliza Gerson.
Gerson Köhler (CRO 3921 – PR)
Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial
E-mail: kohler1@uol.com.br
Fone: 41 3224.4883/3013-0183
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