Cérebro pode descartar o estímulo ou direcionar sua
atenção ao ruído, afetando a qualidade de vida do indivíduo.
Na última sexta-feira (13/04), foi realizado o
encontro de abril do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba
(GIPZ Curitiba), no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em
Curitiba. Mais de 16 pessoas estiveram presentes na palestra, inclusive Zoraide
Madalena Martins da Rocha, 62, que parou tudo o que estava fazendo quando ouviu
sobre a reunião do GIPZ no rádio. Com zumbido há 12 anos, a artesã fez alguns
tratamentos, mas não obteve bons resultados. “Eu tinha parado. Depois que
assisti à palestra de hoje fiquei animada. Estarei na próxima reunião e vou
voltar a procurar tratamento, o GIPZ me incentivou. Achei muito interessante, é
muito bom mesmo”, declara.
A palestra foi ministrada pela
otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães,
coordenadora do grupo. O tema trabalhado no encontro foi “Como explicar os
diferentes graus de incômodo do zumbido”. Segundo Rita, algumas pessoas
percebem mais o ruído do que outras e perceber o zumbido não significa que ele
irá interferir na vida. “O ouvido possui uma estrutura delicada, composta por
pequenos órgãos e células responsáveis por transformar o som em energia
elétrica e enviar as informações ao cérebro. A atividade do nervo auditivo é
espontânea e ininterrupta. As diferentes respostas do nervo resultam na
percepção de diferentes sons e a atividade neural acontece no barulho e no
silêncio”, destaca.
Se houver alguma lesão na estrutura do ouvido, que
pode ser causada pelo envelhecimento, exposição a ruídos, medicamentos, doenças
gerais e até traumas cranianos, a consequência será perda de audição, principal
causa de zumbido. “O ruído pode surgir por causa de danos no sistema auditivo,
mas o zumbido não provoca perda de audição e nem piora o quadro. Ele é o
resultado do aumento da atividade espontânea do nervo auditivo, sem a presença
de sons externos, e é representado na área auditiva do cérebro como um som,
independentemente da causa”, observa.
Percepção do zumbido está ligada ao sistema das
emoções
O cérebro possui dois tipos de atenção, a
consciente e a subconsciente. No cotidiano, muitos fatores competem para ganhar
atenção, mas só os mais importantes são percebidos pelo consciente. O restante
é monitorado pelo subconsciente. Mesmo assim, estímulos monitorados podem
ganhar atenção do consciente se for necessário. “O estado emocional, eventos
importantes, novidades e coisas desconhecidas são fatores que influenciam a
atenção. A percepção de um mesmo estímulo pode mudar com o tempo, como o
barulho de uma geladeira, que é percebida no início e depois o cérebro se
acostuma”, exemplifica.
As reações provocadas por um estímulo são
armazenadas na memória e o cérebro determina o que deve ser percebido e o que
será descartado. No caso do zumbido, há o monitoramento do ruído, que passa
para o consciente e o cérebro avalia as respostas do sistema límbico – das
emoções – e do sistema nervoso autônomo, responsável pelas respostas do corpo.
“Quando há ideias negativas relacionadas ao zumbido, a atenção dada a este som
pelo cérebro aumenta e a qualidade de vida do paciente é afetada, com reflexos
no sono, concentração e outros aspectos”, acrescenta.
Percepção do zumbido
Zumbido sem incômodo – o estímulo é bloqueado pelo
cérebro em 80% dos pacientes.
Zumbido com incômodo – o ruído é percebido pelo
sistema límbico e pelo cérebro em 15% dos casos de zumbido.
Zumbido incapacitante – o som é percebido pelos
sistemas límbico e nervoso autônomo e pelo cérebro. Prejudica as atividades
cotidianas e atinge 5% dos pacientes.
Rita enfatiza que para minimizar a percepção do
zumbido é fundamental que o paciente mude sua atitude em relação ao problema.
“Se a pessoa determinar que o ruído não é importante e nem perigoso é mais
fácil para se habituar, ou seja, bloquear a percepção consciente do zumbido”,
ressalta. A próxima reunião do GIPZ será no dia 05 de maio, a partir das 14
horas, e o assunto será os “Aspectos emocionais ligados ao zumbido”.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
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