Equipamento eletrônico é implantando cirurgicamente no paciente e permite a percepção e compreensão dos sons.
A
perda de audição pode ser causada, entre outros fatores, pelo
envelhecimento, exposição prolongada a ruídos e uso de determinados
tipos de medicamento. A perda é classificada em diferentes níveis, desde
as mais superficiais até as mais severas. Os aparelhos auditivos
tradicionais são indicados quando há
perda auditiva definitiva, em um nível que afete o entendimento dos
sons da fala. De acordo com a otorrinolaringologista e otoneurologista
Rita de Cássia cassou Guimarães, eles melhoram a audição e ainda são
benéficos no tratamento do zumbido.
Quando
o paciente apresenta surdez sensorial e bilateral e a prótese auditiva
convencional não surtiu resultados satisfatórios, pode ser feita a
indicação do implante coclear. Também conhecido como ouvido biônico, o
dispositivo estimula o nervo da audição por meio de impulsos elétricos.
“É um equipamento eletrônico computadorizado, colocado de maneira
cirúrgica no paciente. O ouvido biônico é considerado a estratégia mais
avançada para o tratamento da surdez, mas sua indicação envolve uma
série de critérios”, observa a médica, mestre em clínica cirúrgica pela
UFPR.
Para
ser um candidato em potencial para o implante coclear, o paciente deve
compreender menos de 40% dos sons da fala, mesmo quando está com o
aparelho auditivo comum. Pessoas que já nasceram surdas, perderam a
capacidade de ouvir na infância e não conseguem falar ou sofreram uma
perda severa na fase adulta podem ser beneficiadas com o ouvido biônico.
“Os melhores resultados são obtidos por quem tem menos de 10 anos de
surdez. Quanto maior for o tempo que o paciente ficou sem ouvir, mais
difícil será a reabilitação”, esclarece.
O
implante coclear é mais eficaz para crianças que nasceram surdas e
foram submetidas a tratamento precoce do que para adultos com longo
período de surdez. De qualquer forma, esta é uma tecnologia importante,
que tem trazido sons a vida dos pacientes e realimentado a esperança de
quem não consegue ouvir. “O cérebro tem que aprender a ouvir e a
compreender os sons de uma nova forma, pois há diferenças na forma de
perceber as ondas sonoras. Por isso quem possui implante coclear não
ouve igual a uma pessoa que possui a audição saudável”, ressalta.
O
implante coclear possui uma parte interna e outra externa. A interna é
constituída por eletrodos, que ficam dentro do ouvido e se comunicam com
um receptor colocado atrás da orelha, por baixo da pele. “Na cirurgia
os eletrodos são colocados na cóclea, órgão do ouvido interno. Eles têm a
função de estimular a produção de sinais para o cérebro e promover a
capacidade de ouvir. O receptor tem a função de decodificar os sinais e
possui uma antena, que capta os sinais eletricos, e um imã, que fixa a
unidade externa na cabeça”, explica Rita, integrante da Equipe de
Implante Coclear dos hospitais Pequeno Príncipe e Iguaçu.
A
parte externa é composta por uma antena transmissora, um microfone e um
processador de fala e é a unidade visível do implante. O microfone
capta o som do ambiente e transmite o ruído para o processador de fala,
que analisa o barulho e o transforma em impulsos elétricos. Estes
estímulos são enviados até a antena transmissora, que transmite o sinal
para a unidade interna. “A estimulação do nervo auditivo pelos eletrodos
é interpretada pelo cérebro como um som e o paciente consegue ouvir”,
aponta a especialista.
A
cirurgia por si só não é o suficiente para que o indivíduo volte a
ouvir. Mesmo com a complexa tecnologia envolvida no implante, a atuação
de especialistas de diferentes áreas da saude é fundamental no processo
de reabilitação. “O acompanhamento é essencial, principalmente quando há
a presença de zumbido. Grande parte do sucesso do implante depende do
esforço e das expectativas do paciente. A intervenção cirúrgica é cara,
mas há a possibilidade de conseguir o tratamento gratuitamente pelo
Sistema Único de Saúde (SUS)”, acrescenta Rita.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
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