Baladas, cinema, shows, fones de ouvido e trânsito
comprometem a audição e podem causar danos irreversíveis.
O dia 13 de abril foi escolhido para comemorar o
Dia Mundial dos Jovens. A juventude é uma das melhores fases da vida no que diz
respeito ao desenvolvimento corporal. Os jovens tem o organismo completamente
desenvolvido e funcionando a todo vapor. Mas isto não significa que a saúde não
precisa de cuidados, especialmente os ouvidos. A otorrinolaringologista Rita de
Cássia Cassou Guimarães afirma que as novas tecnologias e o estilo de vida dos
jovens atuais favorecem a perda de audição. “A exposição intensa a sons altos é
uma das principais causas de perda auditiva”, aponta.
Os hábitos de risco têm aumentado o número de
jovens nos consultórios e as queixas mais comuns são diminuição da audição e
zumbido. “Muitas vezes eles apresentam problemas de audição antes mesmo do que
seus pais e avós e isto é extremamente preocupante”, alerta a médica, especialista
em otoneurologia e responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade
Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Rita aponta que os ouvidos
sofrem em casa, no trabalho, no trânsito e até nos momentos de lazer.
Em casa, o volume da televisão, do rádio e dos
eletrodomésticos vão minando aos poucos a audição. As pessoas investem cada vez
mais em aparelhos potentes para assistir filmes e ouvir músicas. A diversão e
os danos aos ouvidos são garantidos. “A orientação da Organização Mundial da
Saúde (OMS) é que o som não passe de 85 decibéis (dB). Neste volume a exposição
deve ser no máximo de oito horas para assegurar que não haja malefícios a saúde
auditiva. A recomendação é adquirir eletrodomésticos e eletroeletrônicos com certificação
para que eles gerem um ruído que seja em um nível aceitável”, alerta a especialista, coordenadora
do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba).
No trabalho, vários agentes nocivos estão
relacionados à perda de audição. O ruído está presente na maioria dos processos
industriais, máquinas, motores e ferramentas. Mesmo que a exposição não seja
constante, há grandes riscos para o trabalhador. “Para evitar lesões nas
células ciliadas da cóclea, órgão do ouvido, é recomendado usar protetores
auriculares e descansar a audição sempre que possível. Produtos químicos,
metais pesados, solventes e radiações ionizantes podem agravar os problemas
auditivos”, observa à médica, mestre em clínica cirúrgica pela (UFPR).
O trânsito é outro responsável pela piora da
audição. O vai e vem dos carros gera um barulho de no mínimo 85 dB e a buzina,
aparentemente inofensiva, provoca um ruído de 100 dB – neste volume a exposição
deve ser de no máximo uma hora. Pessoas que passam várias horas por dia no
trânsito são os que mais correm perigo. “Os sintomas da perda auditiva surgem
quando o quadro já está avançado. Em média, uma pessoa que tem o problema leva
sete anos para procurar ajuda e dar início ao tratamento, reduzindo as
possibilidades de recuperação”, destaca.
As baladas, shows e as sessões de cinema também
fazem parte da lista dos vilões da audição. Em casas noturnas, onde o barulho fica
na faixa dos 120 dB, a permanência não deveria ultrapassar seis minutos.
“Qualquer lesão nas células auditivas é irreversível e não há um processo de
reposição do corpo quando elas morrem. Ou seja, somado ao envelhecimento e a
morte natural destas células, o ser humano ainda corre o risco de ouvir menos
se ficar exposto por longos períodos em faixas de som muito altas. A prevenção
é o melhor caminho”, enfatiza.
Os cuidados com os ouvidos devem ser constantes,
independentemente da idade. As crianças, jovens e adultos precisam ter
consciência dos riscos que o cotidiano está trazendo para a audição. Sem contar
com os perigos da tecnologia, como os celulares e fones de ouvido. “Para
detectar qualquer nível de perda auditiva de maneira precoce, o recomendado é
fazer a audiometria anualmente. Exames complementares podem ser solicitados se
houver alguma alteração nos resultados e o acompanhamento é fundamental”, finaliza.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
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