Exposição
prolongada a ruídos intensos, solventes e outros agentes químicos são as
principais causas da perda de audição ocupacional.
No
dia 1º de Maio é comemorado o Dia do Trabalho. O feriado destaca a necessidade
de condições de trabalho que garantam a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores.
As empresas devem oferecer equipamentos de segurança e ter procedimentos que
afastem qualquer risco a integridade dos colaboradores. A
otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães chama a atenção para a
importância dos cuidados com os ouvidos no ambiente de trabalho. “Sem proteção,
a audição fica exposta a agentes que provocam perda de audição, zumbido e
outros problemas”, observa.
A
perda auditiva ocupacional pode ser causada por exposição intensa a ruídos,
vibrações, solventes e outros agentes químicos, como a gasolina. Metais, como
chumbo, arsênico e mercúrio, produtos químicos asfixiantes, como monóxido de
carbono e nitrato de butila, e solventes aromáticos, entre eles tolueno,
xileno, benzeno e álcool etílico, fazem parte da lista de substâncias nocivas à
saúde auditiva. “O ruído é, sem dúvida, a principal causa de deficiência
auditiva. Os ouvidos perdem, aos poucos, sua funcionalidade com o
envelhecimento, mas outros fatores aceleram este processo”, afirma.
Este
tipo de perda de audição teve seus primeiros registros no século XVII, quando
ferreiros e caldeireiros começaram a ficar surdos. Na Revolução Industrial, foi
a vez dos ferroviários, tecelões e trabalhadores de fábricas. Com o passar do
tempo, os locais de trabalho ficaram mais modernos, as leis mais rígidas com
relação à segurança do trabalhador, mas os riscos continuam presentes. “Hoje,
soma-se a isso o estilo de vida que favorece os danos auditivos. Fones de
ouvido, baladas, trânsito, eletrodomésticos e outros aparelhos eletrônicos são
perigosos para a audição”, ressalta.
A
exposição a ruídos com níveis superiores aos recomendados causa perda auditiva
temporária, trauma acústico e a surdez ocupacional. A temporária é
caracterizada por uma sensação de abafamento da audição ou fadiga auditiva após
deixar o ambiente de trabalho. Neste caso, a redução da audição é reversível e
o órgão retorna progressivamente ao normal com o encerramento da exposição. “O
trauma acústico é uma perda auditiva súbita, que é provocada pela exposição a
um barulho muito intenso ou de impacto, como o som de um explosivo, por
exemplo. Se não houver exposições sucessivas, há chances de reverter o quadro”,
esclarece.
A
surdez ocupacional surge após exposições prolongadas a ruídos com níveis
elevados e é irreversível. Ficar atento aos sintomas é fundamental para o
diagnóstico precoce. Os trabalhadores devem procurar ajuda médica quando houver
irritação a sons mais intensos, zumbido, dificuldade de localizar a fonte
sonora e de compreender os sons da fala. Falar muito alto e aumentar o volume
da televisão ou rádio sem motivo aparente também podem ser sinais do problema.
“Outras queixas comuns são dores de cabeça, estresses, redução da concentração,
elevação da pressão arterial e insônia”, acrescenta.
Rita
explica que a perda auditiva é irreversível, pois não é possível recuperar as
células auditivas lesionadas e o organismo não faz a reposição das que
morreram. Algumas características sinalizam a perda de audição ocupacional. Normalmente,
a perda é neurossensorial, bilateral, prejudicando a percepção dos sons agudos inicialmente, mas ao cessar a exposição
aos fatores de risco, o problema não progride. “As frequências afetadas não
atuam na comunicação oral. Sem perceber as alterações, o trabalhador segue com
suas atividades e quando a perda é detectada, já está em um estágio mais
avançado”, destaca.
O
ideal é que as pessoas que trabalham em ambientes ruidosos façam exames de
audição periódicos. De seis em seis meses é necessário verificar como está o
funcionamento dos ouvidos. O uso de protetores auriculares e abafadores de
ruído é essencial para preservar a audição. “Os empregadores devem tomar o
cuidado de medir e isolar regularmente as fontes emissoras de ruído e de
vibrações. A implantação de um programa de conservação auditiva é uma medida
eficaz para garantir a saúde auditiva dos trabalhadores”, enfatiza a médica.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
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